sexta-feira, 10 de julho de 2009

Odisséia (Versão dos Pampas)

Como eu tava dizendo, patrício, o tal Poseidon tava bravo feito guará com fome. É que o Odisseu, faceiro que só, tinha ganho a guerra de Tróia e desandou a berrar que era mais taura que os deuses.

Poseidon escutou o berreiro e se incomodou!
- Te fresqueia, Odisseu! Te fresqueia! Tu precisa mais de deuses que as cria precisam de fralda! - disse o monarca das águas.
- Nem a pau! - retrucou Odisseu - Se eu preciso de deus é só pra segurar cavalo!


Cáp. 2 - A Peleia contra Polifeno.


Ah, mas o tal Poseidon não se agradou da conversa. Mas também não era muito burro. Resolveu que não ia matar Odisseu como se mata as moscas, já que os outros deuses veriam aquilo e não iam se agradar; ainda mais uma tal de Atena, que protegia Odisseu que nem se protege um filho.

Deu-se que Odisseu tentava voltar na chalana pra estância do Ítaca. Mas o Poseidon fazia o que bem queria com o mar, apontava a chalana proutros lados. Tudo no escurito: os deuses lá de cima não sabiam que era Poseidon quem atrapalhava, dava os tapas e escondia a mão.

A fome acarretou no povo da chalana. Odisseu mandou o pessoal preparar acampamento numa ilha cheia de grutas enormes. Odisseu reparou nisso, mas não entendia o porquê. Viram ovelhas na beira de uma gruta e se atracaram. Um churrasco já caia bem nessas horas. De repente um carreteiro... Mas aí chegou o dono da casa, Polifeno, que era ciclope.

Aqui, patrício, me permita: tenho umas explicações pra lhe contar. Primeiro, ciclopes eram uns homens muito altos e muito feios. Tinham um olho só. Claro, também já vi homem caolho, mas o feio desses é que era bem no meio da testa. Segundo, como foi que o Odisseu foi parar ali? Era lógico que era tocaia de Poseidon! Polifeno, esse ciclope, era filho de Poseidon. Era dono das ovelhas desse carreteiro que no fim das contas só ficou no planejamento... pra piorar, o bagulão alto e forte também comia carne de gente. E, patrício, pra que tu tenhas mais base: ele comia gente como se come salsichão: pegava de três dedos e moía nos dentes.

Polifeno chegou feliz da vida, trancou a caverna. Os desesperados se afundaram no meio da lã das ovelhas. Mas desandaram a suar frio e a respirar mui fundo, pelo susto. Polifeno desconfiou, meteu a mão no meio do rebanho e encontrou os taura de rodeio. Já comeu dois logo cedo, pra explicar quem tava mandando no baile.

Felizmente, Odisseu estava com toda a parafernália de acampamento. Aproveitou enquanto Polifeno enchia o bucho e mandou os outros abrirem o barril de vinho. Chegou sem medo na frente do bagualão e ofereceu o barril como se fosse um copo. Polifeno aceitou e, na faceirice que só o vinho dá, perguntou o nome de Odisseu. Odisseu, já lhe contei, patrício: era sabido. Disse que o nome dele era "ninguém". O motivo depois eu conto.

O vinho resultou num sono fundo de Polifeno. E como o bagual usava árvores como se usa lenha, Odisseu mandou os homens afiarem um tronco. Apertaram que nem sincha a barriga do Polifeno. Esse acordou, abriu o único olho que tinha, e levou uma estacada do tronco afiado. Ficou reinando que nem china solteirona, mas voltou a dormir.

De manhã, acordou imaginando que as ovelhas tinham fome. Para alimentá-las e ficar a sós com os presos, desta vez cego, Poliveno ariu só uma fresta da gruta e colocou a mão pra tatear quem passava. Se tinha lã, passava. Se tinha só couro, ele esmagava. Mas Odisseu nem disse nada. Abaixaram-se todos e colocaram uma ovelha nos ombros cada um. Polifeno foi tateando, tateando, tateando... e acabou sozinho no salão.

Irritado que nem sogra de primeiro namorado da filha, abriu a gruta reinando alto: "Meus irmãos, me ajudem! Ninguém me deixou cego! Ninguém tentou me matar! Ninguém está fugindo!" - era o diabo na Terra! estava entregando Odisseu, que antes disse que se chamava "Ninguém". Isso poruqe ele imaginou antes, que todas as grutas poderiam ter mais ciclopes. e se um era burro, mas difícil de lidar, imagine mas quatro, cinco ou cinquenta...

Os irmãos do Polifeno ouviram os berros, mas, como entenderam que não tinha ninguém incomodando, sossegaram. Polifeno, soltando fogo pelas venta, jogou uma pedra atrás de outra no mar, querendo acertar Odisseu, que ria quase se mijando da situação. Quase acertou uma, isso quando Odisseu disse pra ele "Tu és mesmo burro! Meu nome não é Ninguém. Quem te enganou, escuta, o nome é Odisseu!"

Polifeno começou então a pedir pra Poseidon vingar ele da cegueira. Poseidon fazendo de conta que era pitiço novo (ou seja, que nada sabia) prometeu vingança, como se não fosse ele quem tivesse mandado Odisseu praquela ilha.

Polifeno resolveu encomodar mais um pouco. Mas paciência, patrício, que conto noutra vez.

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